Não foi fácil para a banda encontrar tal fórmula. O primeiro passo foi a reformulação do Black Sabbath. No final da década de 80, o grupo tinha se arrastado com constantes mudanças de formação, demonstrando um grande desgaste diante dos fãs. As experiências dos discos anteriores não agradaram o líder Tony Iommi, principalmente em “Seventh Star” (1986) com o cantor Glenn Hughes e o confuso “Eternal Idol” de 1987. O LP foi gravado com os vocais de Ray Gillen, que nem “esquentou a cadeira” e saiu do Sabbath. Na última hora ingressou na banda Tony Martin que regravou em uma semana todos os vocais do álbum.
Reformulação da banda
O líder do Black Sabbath afirma que a primeira tarefa foi buscar nomes consagrados do heavy metal para resgatar a credibilidade da banda. “Os músicos do disco ‘Seventh Star” não eram conhecidos. Eram garotos de Los Angeles. Agora são famosos, mas na época não eram”, justifica Iommi em um documentário.
A admissão de Cozy Powell
O principal músico escalado foi o renomado baterista Cozy Powell, que teve uma brilhante trajetória no Rainbow do então ex-guitarrista do Deep Purple, Ritchie Blackmore. “Quando o baterista original Bill Ward deixou o Sabbath, Tony já tinha me convidado, mas não aceitei por estar envolvido com o Rainbow. A decisão foi ruim. Um ano depois estava sem trabalho. Depois recebi outras ofertas e finalmente aceitei. Foi um feliz encontro. Pude ajudar algo que estava desmoronando. Foi bom fazer parte da lenda”, disse o baterista a um documentário. Infelizmente Powell faleceu em 1998 em um acidente. Ele ainda chegou a gravar o álbum “TYR” ao lado do Sabbath.
Além de Cozy Powell, o guitarrista Tony Iommi manteve o vocalista Tony Martin, que se sentiu mais a vontade no disco e teve o seu melhor desempenho diante da banda. Apesar de ser criticado pelos fãs mais fundamentalistas do Black Sabbath, Martin se encaixou perfeitamente para cantar as canções do álbum, que exibia um estilo hard rock oitentista, mas com o tom sombrio criado pelo Sabbath no fim da década de 60. Para o baixo foi escalado o desconhecido Laurence Cottle, que atendeu as expectativas de Iommi. Já no teclado, o Sabbath manteve o oculto Geoff Nicholls, que se destacou bastante. Em todas as canções é fácil perceber os arranjos de teclados, principalmente em “Devil and Daughter”, um dos principais sucessos do disco. Vale dizer que o “Headless Cross” é o disco com mais presença dos teclados de Nicholls.
As oito canções do clássico
Produzido e arranjado por Iommi e Powel, o “Headless Cross” traz oito clássicos da banda. A faixa inicial é “The Gates of Hell”, que serve como uma abertura para demonstrar o tom sombrio do trabalho. Em seguida, a banda apresenta a canção título com destaque à introdução de Cozy Powell na bateria. Na música, percebe-se que o baterista abusa do pedal duplo, imprimindo sua personalidade na banda. Já o guitarrista Tony Iommi não fica atrás. Ele demonstra porque se consagrou como o mestre dos riffs de heavy metal. Desde o início da década de 80, ele não tinha composto um riff tão marcante.
A próxima canção é a já comentada “Devil and Daughter”, que antecede a pesada e lenta “When Death Calls”, que volta a contar com uma bela introdução de Geoff Nicholls e a participação da lenda da guitarra Brian May (Queen). Ele ficou encarregado de executar o solo da canção.
A mistura de hard rock oitentista e elementos sombrios que demonstram a nova identidade da banda não param por aí. Em “Kill In The Spirit World”, Tony Martin exibe um vocal influenciado pelo estilo AOR, que teve êxito no fim da década de 70 e início de 80. Na canção, destaca-se ainda a base de teclado composta
Tony Martin
para os solos de Tony Iommi.
O estilo AOR fica ainda mais visível em “Call Of The Wild”, uma das melhores canções do álbum. A música demonstra que os fãs que criticam o vocalista Tony Martin não devem ter avaliado o trabalho com muita cautela.
Em seguida, vem “Black Moon”, que ironicamente compôs as sobras do disco anterior “Eternal Idol”. A canção poderia ter contribuído com a qualidade do trabalho que antecedeu “Headless Cross”.
E para finalizar a obra, a canção “Nightwing”, que apresenta um belo dedilhado e o agudo vocal de Tony Martin, mostrando porque foi escalado para cantar no LP. Geoff Nicholls e Tony Martin
Recuperação
Após o lançamento de “Headless Cross”, o Sabbath ainda fez belos álbuns, mas sem o mesmo brilho. O trabalho posterior (o álbum “TYR”) teve um sucesso comercial maior, mas não apresentou a mesma qualidade. Em “Dehumanizer” a banda contou com a grande colaboração de Ronnie James Dio, que cantou em clássicos como “TV Crimes”, “Computer God” e “Time Machine”. E já em meados da década de 90, Tony Martin retornou para o álbum “Cross Purposes” e o criticado “Forbidden”.
Créditos- Whiplash
"Gosto demais dessa álbum,é muito bom escutar,Tony arrebentou com a sua voz na época que eles foi o vocalista do Black Sabbath,as faixas foram bem feitas,riffs magnificos (escute o solo do Brian May da faixa "When Death Calls" e ouvirá que eu estou falando) e ainda contou com a estréia do já falecido"Cozy Powell" e também o baixista "Laurence Cottle"
Eu só acho uma pena infelizmente que alguns fãs do Black Sabbath só prefiram álbuns com o Ozzy no vocal, que poxa vida,"Ronnie James Dio,Ian Guillan, Glenn Hughes" fizeram um trabalho no Black Sabbath que foi espetacular"
(Paulo Dickinson)